Curtas


quinta-feira, 7 de março de 2013

Recordamos a nossa entrevista ao Mirante

Desporto

Ultras NASC gritam pela equipa durante os 60 minutos de jogo 
Uma claque de andebol que se move por amor ao clube e à terra 

Não são só os grandes clubes de futebol que possuem claques. Em Samora Correia, concelho de Benavente, existem os Ultras NASC - Núcleo de Andebol de Samora Correia, que puxam pela equipa de andebol de seniores até que a voz comece a fraquejar. São cerca de 60 minutos, com um intervalo pelo meio, a gritar e a bater palmas ininterruptamente. O que os move é o amor pelo clube e também o amor por uma terra, Samora Correia. O MIRANTE esteve a assistir com a claque a mais um jogo para a Taça de Portugal que decorreu na passada quinta-feira, 1 de Dezembro, entre o NASC e o Académico FC, no Pavilhão Gimnodesportivo de Samora Correia.
Edição de 2011-12-07



O jogo ainda não tinha começado e na bancada já se preparavam algumas bandeiras. Os primeiros adeptos a sentarem-se trazem um cachecol dos Ultras NASC ao pescoço e vão colocando a conversa em dia. Se as claques passam na sua grande maioria uma imagem negativa, a do NASC não poderia ser diferente. Na sua grande maioria, são jovens entre os 15 e os 25 anos, vestidos de calças de ganga e ténis. Diogo Santos, 22 anos, apresenta-se de óculos escuros e é o principal impulsionador. Incansável, puxa pelos amigos durante os 60 minutos de jogo, sempre voltado para a claque e de costas para o jogo.
Foi depois de um jogo com o grande rival, a ADCB - Associação Desportiva e Cultural de Benavente, que um grupo de amigos, a maior parte praticante ou ex-praticante de andebol do clube, resolveu criar os Ultras NASC. É aliás no andebol que a tão propalada relação de amor e ódio entre Benavente e Samora Correia tem o seu máximo apogeu. A ADCB estragou a disputa por ter subido à segunda divisão e por isso já não joga no campeonato com o NASC, que permanece na terceira divisão. Mesmo assim, a ADCB continua a inspirar os ânimos da claque samorense que exibiu neste jogo um cartaz onde debaixo de um grande porco se lia “anti-benaventeiros”. No passado já existiram jogos, onde até teve de ser chamada a polícia para ajudar a serenar os ânimos, mas a claque garante que confrontos físicos só acontecem com Benavente entre os apoiantes das equipas de Samora Correia e Benavente. Já com o Porto Alto a relação é mais amigável. “Talvez por estarem mais perto de nós, não existe tanta guerra”, assegura Diogo Santos. O jogo começa e no cimo da bancada estão os mais pequenos, das escolas do clube, que seguram também cartazes do clube e gritam pelo NASC implacavelmente. Por aqueles lados, a adrenalina também já corre nas veias. “Venceremos, venceremos, o NASC vai ganhar o jogo, e nós cantaremos para vocês”, começa o grupo de cerca de duas dezenas a cantar e a bater palmas ao mesmo tempo. À medida que o tempo avança, os nervos crescem, e começam a surgir os insultos ao árbitro que vão desde o “assassino”, “urso” ou “burro”, e termina em nomes que não se podem escrever. Há um adepto que insiste que o árbitro tem palas nos olhos e só consegue ver para a frente, roubando o NASC a torto e a direito, que por acaso até vai com vantagem. “Sou NASC até morrer, sou NASC até morrer”, ouve-se novamente. Os cânticos vão variando e resultam de muitas músicas conhecidas que são adaptadas pela claque à realidade do clube. Pedro Rosinha e João Campos, outros dois adeptos, são unânimes no motivo que os leva a integrar a claques - o amor pelo clube. “Somos importantes para a equipa e eles sentem quando estamos presentes”, diz Pedro Rosinha. Emoção e adrenalina são duas sensações que os adeptos vão experimentando e garantem que saem de um jogo tristes ou alegres consoante a equipa perder ou ganhar.
O jogo recomeça na segunda parte com o NASC a ganhar por 15 contra 13, mas à medida que o tempo passa a desvantagem vai diminuindo e a impaciência dos adeptos aumentando. Na segunda parte, duas defesas seguidas do guarda-redes levam a equipa à euforia. Faltam seis minutos para o jogo acabar quando as duas equipas empatam e mais do que nunca, Diogo Santos, puxa pelos adeptos. Uns quantos gritos depois e o NASC vence mais uma eliminatória da Taça de Portugal, derrotando a Académica FC por 28-25. No coração, os adeptos do NASC levam um dos último gritos de guerra - “NASC até morrer!”.

Sem comentários:

Enviar um comentário