Curtas


sexta-feira, 16 de maio de 2014

Entrevista Ultras NASC



Ola Pedro antes de mais obrigado por nos concederes esta entrevista…
Nome: Pedro Miguel Moura de Oliveira

Idade/data de nascimento: 19/03/1987

Percurso andebolístico:
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Ultras NASC: Muitos conhecem o Pedro Oliveira, mas diz-nos quem é o “Meme”?

Pedro Oliveira: A pessoa é exatamente a mesma no seu todo. A alcunha surgiu quando estava a estudar na escola C+S em Samora Correia colocaram-me esta alcunha por causa do meu cabelo aos caracóis, que fazia lembrar a lã de uma ovelha e logicamente a associação sucedeu-se. Todas as pessoas gostaram e acharam piada e a alcunha foi-se consolidando até aos dias de hoje.

UN: Fizeste toda a tua formação no NASC e sentes como poucos o que é o peso da camisola. O que te leva a viver tão intensamente o clube, os jogos e o andebol?

PO: Comecei a praticar a modalidade a nível federado na longínqua época de 1996/1997. Tudo começou num projecto de parceria entre as escolas e o Grupo Desportivo de Samora Correia, onde o Andebol estava presente como secção na altura. Foi um projecto liderado pela Professora Alexandra Ferreira (Stora Xana) que consistia em levar o andebol às escolas e cativar os alunos para a prática do andebol. Nessa altura havia cerca de 80 bâmbis (Masculinos e Femininos) e actualmente tenho conhecimento de apenas três desses bâmbis ainda praticarem a modalidade, o que me deixa triste. Já são muitos anos a jogar Andebol e a vestir a camisola do NASC em jogos fáceis ou difíceis, mas quando se tem gosto pelo que se faz a força de vontade e o querer aumentam bastante e faz-nos dar o máximo dentro do campo. Durante quase 20 anos este clube deu-me tudo, formou-me como jogador e ajudou na minha formação como homem sem nunca exigir não mais que todo meu esforço em treinos e jogos e isso nunca poderei retribuir, tento fazê-lo dentro de campo dando o meu máximo. Para além disso todos os dirigentes e treinador que durante todo este tempo lutaram pelo futuro da modalidade em Samora Correia merecem algo em troca, e tento retribuir todo esse esforço da mesma forma. Por fim os jovens atletas do NASC são uma grande motivação, tentamos ser um exemplo para eles dentro do campo e procuramos dar o máximo para que vejam a força que este clube pode ter se todos lutarem e trabalharem nos limites. Sinceramente são estes jovens a minha maior força actualmente, penso neles antes do jogo para que tente dar o meu melhor possível e eles também um dia me vejam como um exemplo. Enquanto puder assim o farei!


 UN: Apenas realizaste uma temporada fora do clube, conta-nos como foi essa experiencia e como sentiste o teu regresso a Samora?

PO: Foi uma experiência bastante enriquecedora. Tudo surgiu após um convite do Treinador Miguel Gomes e da direcção da Associação 20Km de Almeirim, o Miguel já tinha sido meu treinador de no meu 1º Ano de Seniores no NASC e ao contrário de algumas pessoas ligadas ao clube acreditou em mim e nas minhas qualidades como jogador e fez-me acreditar que podia crescer e melhorar em vários aspectos e assim aconteceu. Gostei bastante de trabalhar com o Miguel, pessoa com o qual mantenho uma relação de amizade até hoje e por estes factores senti-me em dívida para com ele e quando voltou a acreditar em mim e a precisar de mim decidi aceitar o convite. Havia ainda alguma indefinição em relação á equipa Sénior no NASC e decidi iniciar uma experiência fora do clube. Conheci novas pessoas, novas realidades, um clube diferente e ganhei excelentes amigos durante essa Época. Cresci bastante nessa Época em todos os sentidos o que tornou tudo bastante positivo.

O meu regresso como adversário do NASC foi bastante estranho e não foi fácil entrar num Pavilhão que era como uma segunda casa como adversário. O jogo até correu bem a nosso favor e só tenho a dizer que a maioria dos adeptos me respeitaram da mesma forma carinhosa que sempre o fizeram e a equipa adversária, quer jogadores quer treinadores e dirigentes tiveram igual conduta, o que só tenho a agradecer. Apesar de tudo ouvimos sempre algumas vozes dissonantes mas o desporto é assim mesmo.

No Final dessa Época regressei ao NASC e fiquei bastante contente com o plantel que encontrei, antigos colegas e novos colegas que me receberam de braços e tudo isso deu-me muita força para trabalhar ainda mais para conseguir os objectivos da equipa. Tive a felicidade de encontrar o Treinador Paulo Custódio nessa época no NASC e foi das melhores coisas que aconteceu enquanto jogador, fez-me crescer a todos os níveis, disciplinou-me psicologicamente, ensinou-me muitas coisas que não sabia e conseguiu colocar a equipa a praticar um Andebol colectivo, elegante e disciplinado que nos permitiu 2 fases finais e uma subida de divisão. Foi o melhor com que trabalhei até hoje e isso foi das coisas mais importantes que o regresso ao NASC me trouxe.

Queria deixar um abraço e um grande obrigado a toda a equipa que me recebeu de braços abertos nesse ano, sem qualquer ressentimento e em especial ao Nuno Dias (Justo) que foi o melhor companheiro de posição que tive. Foi uma grande ajuda em vários aspectos durante os anos que trabalhei com ele.

UN: Qual a tua referência em que te inspiras?

PO: Durante todos estes anos tive várias referências dentro e fora do campo. Desde que comecei a jogar Andebol tinha como exemplo os jogadores dos escalões acima e sempre que podia treinava e jogava com o escalão acima para aprender mais e melhorar. Mais tarde e com o passar dos anos passei a ter como exemplo os jogadores e a equipa senior do NASC e o meu objectivo passou a ser trabalhar todos os dias para um dia lá chegar. Não foi fácil mas com esforço empenho e dedicação tudo se consegue. Tive também como exemplos vários jogadores nacionais e estrangeiros quando comecei a acompanhar mais de perto o Andebol pela televisão as competições Nacionais e Internacionais.

Fora do campo e do contexto do Andebol a minha maior inspiração foram os meus Pais, que sempre me deram a educação adequada para chegar onde cheguei na modalidade sem serem o tipo de pais presentes em jogos ou treinos ou que elogiassem ou criticassem o que fosse durante o meu percurso desportivo. Sempre fizeram falta onde foi necessário e cumpriram sempre a sua função e hoje orgulhosamente podem dizer que o seu filho joga Andebol na equipa Sénior do NASC, mesmo sem frequentarem o Pavilhão de forma assídua.

UN: Iniciaste à muito pouco tempo um novo projeto, ser treinador de andebol. Conta-nos um pouco de como foi esses primeiros tempos e como é passar para os mais jovens os teus ensinamentos?

PO: Ser Treinador foi um pensamento que me ocorreu há alguns anos. Surgiu como algo ambíguo, algo que não sabia se iria correr bem ou não e, quando assim é, nada como experimentar. Através da minha experiência como jogador e dos treinadores que tive, procurei absorver o máximo de conhecimento durante toda a minha formação, organizar ideias conceitos e padrões e criar um determinado perfil de treinador para mim. Surgiu a necessidade de colmatar os escalões mais baixos da Formação (Bâmbis e Minis) que estavam com pouca matéria-prima e então em conjunto com outros treinadores criámos um projeto de formação desportiva de forma interna no clube e conseguimos suprimir a curto prazo várias necessidades do clube, quer a nível físico quer a nível de recursos humanos e foi assim que a minha aventura como treinador começou.

Se existe algo que me deixa extremamente contente com o Andebol para além de jogar é sem dúvida treinar. É gratificante passar o máximo de conhecimento que possuímos para os jovens. Para além de tudo o que engloba a iniciação e aprendizagem do Andebol é muito importante também passar valores, princípios e sobretudo ajudar na sua educação para o seu futuro, porque para nós mais importante do que tornarem-se jogadores de Andebol, é mais importante tornarem-se homens no futuro. É inspirador ver os miúdos com alegria a praticarem andebol e sobretudo que saiam de um treino ou de um jogo mais felizes do que entraram. A maior e melhor retribuição que posso ter é um sorriso da parte deles.

 UN: Com a época a caminhar para o final, estará na hora de se fazer um balanço. Para além de jogador foste o responsável pela equipa de Bâmbis e Minis juntamente com outros técnicos. A quantidade de atletas manteve-se do ano anterior? Que futuro vê nestes jovens? E que futuro te vês no andebol?

PO: No início e durante esta época continuámos a fazer as habituais actividades de captação de novos atletas para a prática do Andebol. O número de atletas aumentou ligeiramente desde a época o que revela que o projecto já trouxe alguma solidez e credibilidade á formação do clube. Continuamos com o número de Bâmbis e Minis dentro dos parâmetros e objectivos que pretendemos atingir.

Fazendo uma análise superficial de todos os atletas de Bâmbis e Minis penso que em termos de quantidade/qualidade temos que estar contentes e isso vê-se na classificação das nossas equipas da minis A e B. O processo competitivo que temos tentando implementar tem sido cumprido e já defrontaram equipas de grande nível este ano e estiveram á altura da exigência do jogo. O futuro destes jovens não depende só do clube, mas deles mesmos e dos pais. Procuramos ao máximo trilhar o caminho certo para eles em todos os factores do seu desenvolvimento a nível pessoal e a nível desportivo e penso que se continuarmos a seguir o projecto com a mesma exigência podemos colher a médio/longo prazo bastantes frutos deste investimento na formação. É preciso educação, capacidade de trabalho e pré-disposição desportiva para que se consiga atingir o ponto óptimo da formação desportiva de um jogador.

O meu futuro no Andebol passa cada vez mais por treinar miúdos e cada vez menos por jogar, mas são factores lógicos do desenrolar da nossa vida pessoal e desportiva. Vários jogadores abandonam a carreira e dedicam-se á função de treinadores e espero seguir esse caminho lógico. Senão seguir, pretendo estar ligado de forma activa á modalidade seja qual for a função.

Já que falamos de formação queria deixar uma nota a todos os treinadores e jogadores da Formação do clube pela excelente época que se tem realizado a nível global. Não me lembro de uma época de formação desde que estou ligado á modalidade que tenha sido tão bem sucedida como esta. Parabéns a todos mais uma vez e a pouco e pouco se vê que o projecto de formação desportiva é sustentável e que com trabalho se consegue atingir algo mais do que em anos anteriores.

OBRIGADO aos Ultras pela atenção. Foi muito agradável e interessante responder ás vossas questões e sempre que precisarem podem contar comigo, seja para o que for. Não liguem a conteúdos de ordem externa e continuem a apoiar e a procurar dinamizar o clube como o fizeram até aqui!


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